Que bonitinho ver um episódio com um roteiro sobreposto sendo bem tratado pela produção e dirigido com competência. Supernatural vem acumulando algumas falhas com relação a esse quesito (e vários outros) e, quando percebi a intenção do episódio, me deu aquela sensação de que seria mais um fracasso mas fui surpreendida com um episódio bem ritmado, fluído, com bons plots reveladores.
Girls, Girls, Girls, acima de tudo, foi um episódio sobre família. O drama aqui não se resumiu a mais uma DR dos irmãos Winchesters, envolveu todos os arcos em progressão e todos os personagens envolvidos, tá aí a beleza do negócio. A ação foi deixada de lado e os plots foram conduzidos de forma atraente e interessante. Na minha opinião não foi de todo perfeito (explico no decorrer do texto) mas foi bem satisfatório. Vamos por partes.
Castiel e Hannah na estrada, dando continuidade a missão (que ninguém lembra mais qual é) tornaram a chatice em redenção. Ainda bem. O plot mais boring de SN mostrou que os anjos tem a missão que lhes é confiada como prioridade mas que não são insensíveis às necessidades humanas. O reencontro de Caroline com seu marido despertou em Hannah a compaixão e a fez lembrar que seu compromisso era proteger a humanidade. Seu interesse por Castiel nada mais era do que a canalização dos desejos de Caroline já que anjos, em sua essência, não tem necessidades físicas. Ela entendeu que o lance do romance só lhe traria problemas e que Caroline precisava de sua vida de volta, ela deu adeus deixando seu receptáculo voltar pra casa. Isso fez Castiel pensar em Jimmy Novak, seu receptáculo a anos que também tinha uma família no passado. Foi interessante de ver Hannah indo (já foi tarde) mas espero que Castiel não tenha a mesma ideia.
Falando em ideia, os servos de Crowley bolaram um plano supercriativo para conseguir mais almas para o inferno, aumentar as estatísticas e deixar o boss feliz. Crowley andou atravessando uma fase deprê, curtindo uma fossa triste pelo fim do bromance com o Deamon então a ralé demoníaca recrutou prostitutas para trocarem sexo por almas carentes de atenção especial. Eles só esqueceram de avisar ao Rei que ele agora era o cafetão da vez por trás do esquema. Foi um plot curto e atraente porque não se prolongou mais do que devia e trouxe de volta a ruiva misteriosa que apareceu no fim do episódio Soul Survivor introduzindo-a na trama. A escocesa Rowena, apesar de ser uma bruxa (gênero já explorado algumas vezes) tem toda a promessa de ser uma vilã badass com seus poderes primitivos e total falta de escrúpulos que nos parece familiar. Ela pareceu meio desesperada com seu regime de recrutamento mas ao menos mata um demônio e ferve um cérebro como ninguém.
É nesse ponto que os plots se encontram. Dean que protagonizou no início do episódio o momento alívio cômico, deu de cara não com o caminhoneiro Bruce, mas com uma das garotas-iscas negociantes de almas. O responsável pelo negócio infernal Raul virou piche e eles começam a caçada a bruxa responsável pela morte tão esquisita. Nem sonha Dean que, enquanto ele dá continuidade com sua vida e procura a bruxa Rowena, seu implacável caçador Cole andou estudando com afinco sobre o mundo dos demônios e suas particularidades em busca de vingança. Não escondo que antipatizava com esse plot. Sempre achei mal colocado e superficialmente explorado. A surra que o Cole levou em Reichenbach e toda a deixa me fez crer que sua estória seria desenvolvida de uma outra forma, alguns até cogitaram um spinoff. Quando ele surgiu livrando a cara da Rowena eu pensei: lá vem ele de novo, todo equivocado. Mas aí percebi que o foco da cena não era ele e sim o Dean. Foi um texto bem escrito e bem interpretado onde ouvimos sobre confiança, família e escuridão. Cole ouviu Dean falar sobre o monstro que era seu pai e sobre o dever que ele tinha de matá-lo. Dean falou como seu estilo de vida transformou sua alma que foi tocada pela escuridão e que, só não o levou por completo porque Sam, sua família, o puxou de volta da beira do abismo. Foi lindo e o suficiente para fazer Cole recuar e reavaliar as prioridades.
Sam, por sua vez, que passou a temporada passada todinha julgando e maltratando o irmão se tornou o guardião de Dean. Penso que sua devoção é o que ainda mantém Dean lutando contra a influência da Marca de Cain. Dean demonstrou sua desesperança quando disse a Cole que sabe como será seu fim, como se compreendesse que nada de bom pode vir daquela marca que ele carrega e não sabe como se livrar dela. É como se esperasse uma explosão da qual ele não conseguirá escapar, suas forças podem estar se esgotando e será que Sam conseguirá trazer seu irmão de volta da beira do abismo mais uma vez?
Além dos Winchersters, Crowley também procurava a bruxa que liquefez o demônio Raul e qual não foi a surpresa do rei em dar de cara com sua própria mãe! Ele que já cruzou com seu filho barganhador, agora deu de cara com sua irônica e insolente mãe. Que arco legal se formou com grandes possibilidades para desenvolvimento. Aí a gente volta a bater naquela tecla: tomara que os roteiristas saibam aproveitar e criem uma trama empolgante porque engraçada ela tem tudo pra ser.
Enfim, gostei muito de Girls, Girls, Girls, principalmente pela ‘subida’ de Hannah, o fim da azaração celestial e da movimentação do arco principal. Já espero empolgada uma Rowena bitch infernizando tanto os Winchesters como o próprio filho! Agora diga você o que achou sobre o episódio.
Quotes:
* “Pode acabar sendo um caminhoneiro canadense chamado Bruce.” – Sam
* “Parece um Bruce pra você?” – Dean
* “Rei de onde, Lilliput? Digo, ouvi dizer que você era baixinho, mas…” – Rowena
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