“Chocada”; “no chão”; “Sem condições de comentar”; foram algumas das frases que inundaram as redes sociais na quinta feira. Todas se referiam a um único episódio: If Then Else de Person Of Interest. Eu estava sem condições de ver neste dia e fiquei em cócegas de curiosidade. Os spoilers também apareceram – faz parte, e ainda consegui me livrar deles por um bom tempo mas acabei vendo o desfecho tão chocante escrito num post descuidado publicado. Isso tirou, de certa forma, o impacto mas não colocou em risco o prazer de assistir um episódio tão perfeito.
A 14 meses atrás vimos o episódio The Crossing (3×09) do desmantelamento da RH e a morte da Carter considerado por mim, o melhor da série até então. Foi uma trama tão bem desenvolvida que teve o final mais perfeito que eu já vi dentro das séries policiais. Todas as pontas soltas foram resolvidas e tudo acabou redondinho, sem falhas. Para coroar, a morte suspreendente da Carter deixou o episódio simplesmente sensacional. Não pela morte dela, é claro, mas pela coragem dos roteiristas de sacrificar um personagem principal para dar um up maior a série.
Então, para nossa surpresa, 1 ano e 2 meses depois os roteiristas nos presentearam com um episódio mais perfeito ainda. If Then Else elevou Person Of Interest a um outro nível. O embate entre as gigantes IAs começou e nós fomos transportados para dentro da Machine. Como foi delicioso viajar nas ideias e simulações da maquina projetada por Finch. The Cold War deixou bem claro que o Samaritano não está brincando de Deus, ele realmente acha que é uma divindade fria e manipuladora capaz de qualquer coisa para conseguir alcançar seu objetivo: Destruir a Machine e seus agentes (me senti descrevendo Matrix). Então começamos If Then Else vendo o colapso financeiro causado pelo Samaritano forçando a Machine agir.
O team machine se vê dentro do prédio da NYSE para desfazer o dano causado pelos caprichos do Samaritano mas esse movimento já havia sido previsto pela IA do Sr. Greer e toda operação tornou-se uma armadilha gigante. Presos no refeitório do prédio acompanhamos a primeira simulação de fuga analisada pela Machine. O Finch sendo morto no fim desta tentativa tornou-a totalmente inviável e assim nós mergulhamos nos pensamentos da Machine. Mergulho dado de olhos bem abertos para desfrutar de cenas fantásticas, detalhes minuciosos e pérolas cômicas nos diálogos, sempre presentes em POI.
Das milhares de opções de fuga vimos três simuladas e nenhuma delas deu muitas esperanças. Todas contavam com Shaw e a obtenção de um bendito código para fazer um elevador funcionar mas ninguém esperava que ela fosse aparecer dentro do prédio para tentar ajudar a fuga dos outros. A equipe estava completa e Shaw, depois da ceninha romântica que encheu os olhos dos shippadores de plantão, se sacrificou para que o time saísse do prédio.
É interessante notar o paralelo feito com os flashbacks do episódio onde vimos Finch jogar xadrez com a Machine em seus primeiros momentos de aprendizagem. A moral da história é que nenhum sacrifício humano é aceitável e que a Machine tem, em sua programação, esse ‘dispositivo ético’ deixado por Finch. Todas as possibilidades foram analisadas e a escolhida foi aquela em que todos estariam juntos na tentativa de fuga. Mas, no último momento, a Shaw apareceu lá e se sacrificou pelos amigos. Na minha humilde opinião de fã (que se acha mais burra que uma porta quando vê um episódio assim) a Machine não estava inocente desse fato, ela analisou os dados e sabia que Shaw estaria lá sim. A questão então seria outra. A Machine já mostrou antes que estava disposta a matar um ser humano para livrar-se da destruição e salvar sua equipe da morte. A Shaw seria sua escolha de sacrifício dessa vez?
Na melhor das hipóteses, o Fusco seria a baixa menos sentida pela Machine – tadinho. Finch é seu criador, Jonh é seu soldado badass fodástico, Shaw é a versão John feminina e Root é sua voz. Então por que a Shaw? Vendo a cena do desfecho, não consegui me convencer de que a Shaw levou de Martine o tiro de misericórdia, ouvimos o disparo mas não vimos nada. Mesmo sabendo que a Sarah Sahi está grávida (de gêmeos) e precisa do afastamento da série, o pensamento de que ela seria presa e torturada para dizer onde Finch se esconde e de que ‘porta’ da Machine ele consegue as informações para sua operação de salvamento gritou em minha mente como letreiro em neon. Sou terrível nos palpites e erro 90% deles mas seria interessante a possibilidade de que a Machine também pensou nisso. De toda a equipe, tirando o John, ela seria a mais resistente aos castigos físicos imaginados (por mim, é claro, dentro da minha própria simulação rs).
Enfim, depois do choque a satisfação é inevitável. A criatividade genial do roteiro tão bem escrito e elaborado sendo executado com engenhosidade, beleza e competência é um presente para nós. Defeitos, se tiverem, não vi nenhum e considero este episódio como um dos melhores que já na vida (entre os 5.758 vistos até hoje, segundo o banco de séries). If Then Else é fantástico, lindo e emocionante. O querido Kid Nolan só surpreende e eu só posso dizer que sinto muito pelos que nunca viram Person Of Interest, os que desistiram no meio do caminho e os que não reconhecem-na como uma das melhores séries da atualidade.
Agora chegou a sua vez de deixar seus pensamentos e considerações sobre essa preciosidade de episódio. Tchauzinho e até a próxima.
10 de janeiro de 2015 em Manicômio Séries
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