“‘Ninguém muda’ diz o homem que era um mendigo quando eu o conheci”. – Carter
Difícil, muito difícil escrever sobre um episódio assim. Quando acabei de ver Terra Incógnita meus neurônios entraram em ebulição com suposições, ideias e vertentes mas nada organizado em pensamentos fluentes para serem escritos de forma compreensível. Foi preciso um tempinho considerável para que essa organização fosse feita rsrs. A volta da Taraji P. Henson como a saudosa Carter trouxe consigo uma trama desenvolvida em cima da personalidade do Reese de uma forma jamais explorada na série antes. A falta da ação pode ter desagradado a muitos mas a lentidão proposital foi um presente para aqueles que adoram mergulhar na melancolia de uma mente perturbadamente solitária e taciturna. Foi um episódio com diálogos lindos, ambientação obscura, direção fantástica mas que me trouxe agrados e desagrados que serão explicados no decorrer da review.
Nosso querido John Reese é o protagonista de Person Of Interest a quatro anos e nunca o vimos tão desnudo psicologicamente como agora. Ele está sempre ali, presente, distribuindo porradas e tiros nos joelhos, desvendado os casos misteriosos, salvando vidas, apoiando o Finch e todos da equipe mas nunca conseguimos acesso aos seus pensamentos íntimos, seus traumas e frustrações. Ele é a fortaleza da equipe. Depois da morte da Carter, que mexeu tanto com ele a ponto de fazê-lo surtar, ele voltou a todo vapor e não mais deixou-se abalar pelas circunstâncias, perdas e derrotas. Reese é um soldado, um homem disposto a dar a vida pelas missões que lhe são designadas. Mas soldados também são humanos e essa foi a hora de conhecê-lo em seu maior momento de vulnerabilidade.
O caso em si, como todos perceberam, não importou realmente. O Cold Case da família Patterson assassinada a sete anos foi investigada pela novata Carter e ficou sem solução. Quando o CPF do filho mais novo foi dado pela Machine, Reese viu a chance de se reconectar com Joss depois de quase dois anos de sua morte. Ele decide ir só, para ter privacidade com suas lembranças. Daí em diante acompanhamos três ‘planos’ diferentes os quais só conseguimos discernir suas diferenças e importâncias próximo a conclusão do episódio. Entre a investigação atual e flashbacks, John se vê envolvido em alucinações que desenvolvem a essência do episódio – a capacidade de mutação do homem e sua incapacidade de viver só. Reese percorreu um longo caminho desde o pilot quando foi encontrado maltrapilho como um mendigo surrando boyzinhos no metrô. De um homem desenganado pela vida, desiludido com a raça humana ele passou a ser o homem de terno, o misterioso vigilante justiceiro que trabalha salvando pessoas.
É interessante notar que, mesmo sendo muito próximo do Finch – são amigos queridos detentores de momentos com diálogos esplêndidos espalhados por toda a série, o Reese tinha uma química especial com a Carter, o relacionamento era diferente e, mesmo que ele não a tivesse deixado entrar, ele desejava isso. É nesse pensamento que suas alucinações não só lhe sustentam com vida como também lhe desvendam os olhos mostrando que mesmo defendendo a ideia de que o homem é imutável ele é o maior exemplo de mutação que a série tem. As discussões dentro do carro sobre a vida de Reese exploram ao máximo as circunstâncias que construíram sua personalidade de lobo solitário, suas consequências e desvantagens em perder a chance de ser próximo de pessoas que só lhe farão bem em dividir amor e intimidade, como também perder pessoas queridas sem ter a chance de compartilhar com elas o que realmente lhe importa.
A ambiguidade desse desenvolvimento me agradou porque o Reese pode se tornar mais palpável, humano e acessível dentro da equipe e desagradou pelo fato de claramente estarem tentando abrir um espaço maior para a terapeuta na vida de John. Penso que ser amado e amar fará bem a ele que não se envolve com ninguém desde a Jéssica mas não sei se é o momento certo, daí vem o meu segundo desagrado. Achei o episódio meio alheio dentro das circunstância atuais da trama principal. O trabalho em cima da participação da Taraji é lindo e significativo mas meio fora de tempo. Claro que não deixei passar as colherinhas de café com informações importantes que o episódio trouxe. Não me entendam mal. Está tudo conectado e brilhantemente conduzido, quem sou eu para questionar, mas eu tive essa sensação de deslocamento que ofuscou a volta da Carter.
Falando das informações mínimas que foram dadas durante o episódio, incluindo a subtrama de Elias e a Irmandade – estão se estranhando e se preparando pra um confronto sangrento, o que mais me chamou a atenção foi uma cena em que vemos o John indo até a cabana da família Patterson através da visão da câmera de tráfego. A imagem foca seu carro e a identificação diz: Alias – Reese. John. Fiquei confabulando com meus botões sobre a suposição de que o Samaritano pode ter identificado nosso herói mas está esperando o momento certo para dar sua cartada final e destruir a todos juntamente com a Machine. Da equipe apenas o Finch sabe sua localização e o Samaritano precisa descobrir onde ela estar para então destruí-la.
A season finale se aproxima e muita coisa precisa de resposta – ou não, já que estamos falando de Person Of Interest. Mesmo com a trama meio travada, a participação da Taraji Henson foi emocionante e significativa. Sua presença trouxe satisfação e suas colocações marejou os olhos dos fãs mais sensíveis da série, tenho certeza. Foi lindo e semeou a esperança de a vermos mais vezes, em flaschbacks ou alucinação, não importa, o importante é que a Carter continue viva na lembrança dos membros do team Machine e nos corações dos fã.
Como de costume, agora é sua vez de opinar. A review ficou gigantesca e mesmo assim algumas coisas ficaram de fora então, é sua vez de contribuir colocando seu ponto de vista. Até a próxima.
20 de abril de 2015 em Manicômio Séries
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