Person Of Interest estreou sua nova temporada dando uma reduzida na marcha. Muita coisa aconteceu na terceira temporada e nós nos acostumamos com o ritmo acelerado e uma qualidade incontestável no desenvolvimento da trama cheia adrenalina. Adrenalina vicia, vocês sabem, então, quando a quarta temporada apresentou episódios aparentemente simples muitos fãs estranharam a recuada, inclusive eu. Mas esse passo para trás utilizando a velha forma, essa pausa para respirar foi necessária para construir a nova realidade da trama sem deixar furos no roteiro e preparar o grupo de fugitivos disfarçados para o que vem pela frente.
Depois de quatro episódios centrados nos membros do team machine suando a camisa para se ajustarem nas novas identidades e manterem seus disfarces, agora podemos entender que não dá pra fugir do objetivo de POI que sempre será salvar pessoas. Na velha ou na nova realidade a força que move o grupo é o salvamento dos donos dos CPFs irrelevantes que a Machine apresenta. Coisa que ficou mais que evidente no episódio Prophet que trouxe um monte de insights sobre como será a batalha entre o bem e o mal e a responsabilidade dos nossos heróis em salvar pessoas enquanto lutam contra a periculosidade do Samaritano.
O episódio acompanha a reta final de uma eleição americana. Simon (Jason Ritter – convidado especial) é um gênio das estatísticas e acaba sendo efeito colateral dos planos do Samaritano que precisa eliminá-lo para limpar a sujeirada deixada por sua fraude. O que se segue é um presente aos fãs ‘mal-acostumados’ de POI – uma sequencia empolgante onde o grupo deve salvar Simon sem ser visto pelo sistema de vigilância do mal. Foi um episódio recheadinho de ação que não víamos desde a temporada passada. Além de Harold e Shaw (Fusco foi deixado de fora mais uma vez e John enfrenta a corregedoria), a Root se juntou ao grupo e, literalmente, se sacrificou pela missão de salvamento. As cenas no hotel são de tirar o fôlego com a Grove se jogando e sendo baleada duas vezes enquanto dá cobertura ao inocente Simon que sai do lobby sem ter a mínima ideia de que foi salvo pela louca mais amada da série e seus amigos justiceiros fugitivos. O que causou tristeza foi ver a manipulação da realidade por Harold para tirar o Simon da zona de perigo dando razão aos dados fraudados pelo Samaritano. E o pior foi perceber que essa mesma fraude foi aplicada em mais de 50 eleições pelo país. É o Samaritano começando a mostrar o seu poder.
Falando na inteligência do Samaritano, tivemos alguns flashbacks do passado de Harold desenvolvendo a Machine para podermos entender a periculosidade de uma inteligência artificial independente. A cautela que Harold teve em reiniciar o projeto toda vez que ele apresentava algum perigo demonstra que ele é a consciência da Machine atual, coisa que o Samaritano não tem. O Sr Greer apenas assente com todas as decisões do novo sistema deixando a deliberação e liderança das jogadas na responsabilidade do próprio Samaritano. Por isso a Root, que agora está desamparada sem a voz da Machine, diz a Harold que a Machine precisa dele. O sistema precisa da presença e orientação do Administrador para tomar as decisões e procurar uma maneira de derrotar o Samaritano justamente porque ele a projetou com limitações para que não se tornasse totalmente independente e decidisse que a raça humana não era mais necessária.
Enquanto isso John está na mira do departamento. Sua eficiência em resolver casos não encobriram sua obsessão em atirar nos joelhos dos bandidos. O perigo de ser descoberto é grande e ele é mantido longe dessa missão, sentado no divã psiquiátrico do departamento. Em uma das conversas com a psiquiatra ele acaba se mostrando sem se revelar num momento emocionante quando ele cita a Carter e sua visão moral exemplar. Josselin Carter ainda é uma personagem muito presente em POI por sua passagem marcante e seu trabalho exemplar. Sentiremos sua falta até o fim.
Enfim, Prophets não foi só um episódio cheio de ação nos relembrando os episódios que montaram o plot da morte da Carter e os seguintes, mas também foi rico em narrativa nos fazendo confiar cada vez mais no kid Nolan e seu brilhantismo em conduzir essa delícia de série. Person Of Interest é uma produção sempre surpreendente, de qualidade incontestável, e hoje é uma das melhores tramas apresentadas na TV em geral, fato.
Chegou a sua vez, comente comigo relembrando o que eu deixei de fora, complemente meus pensamentos. Falar de POI nunca é demais.
28 de outubro de 2014 em Manicômio Séries
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