“… humanos devem fazer as próprias escolhas.” – Root
Eu poderia começar a review dessa semana com aquele habitual discurso de que tudo em Person Of interest tem um propósito e todos os acontecimentos estão interligados ao mundo virtual dos agora antagonistas Machine – Samaritano. Que a trama é conduzida pelo plano maior construído na cabeça dos roteiristas que, mesmo sem nos surpreender, nos entregam episódios de qualidade. Mas a verdade é que a previsibilidade conduziu maior parte de Nautilus deixando-o meio tépido, mesmo sendo um episódio recheado de enigmas, filosofias e frases de efeito. A fórmula é tão evidente quanto o instinto do Jonh em salvar as pessoas apontadas pela Machine. A única diferença entre a forma como os fatos são conduzidos agora e como eram nas temporadas passadas é que os membros do team machine estão disfarçados, encobertos pela Machine, fugindo de um possível reconhecimento do Samaritano.
Os ‘casos da semana’ que compõem o caráter procedural da série estão agora direcionados à guerra que se instaurou entre eles. O da semana passada foi com o propósito de fornecer uma linha segura para a comunicação dos nossos heróis e o dessa semana serviu ao propósito do Samaritano para recrutamento de novos agentes superinteligentes, como também a eliminação da concorrência. Tudo é bem escrito, conduzido, e finalizado, sempre sob uma direção eficiente. Mas o episódio dessa semana despertou aquele sentimento down de que não era bem isso que se esperava, que as coisas seriam meio que diferentes depois do caos no fim da terceira temporada, ou que a trama seria conduzida de uma outra forma. Enfim, decepções a parte, isso não significa que tenha sido um episódio ruim. É um recomeço importante, com a reconstrução do mundo POI que foi destruído na temporada passada.
O episódio foi focado em Harold e seu receio em se envolver novamente com a Machine. Desde que recebeu ordens de matar o senador norte-americano que algo se quebrou dentro dele. As atitudes de Finch nos mostram uma covardia nunca vista, o que, na minha opinião, não passa de dor. Ele sofre por ver sua criação tomando decisões radicais e conversando intimamente com a Root (como eu já falei antes, é uma dorzinha de cotovelo compreensível). Agora a Machine está dando os CPFs diretamente ao Reese! É inevitável que Finch se sinta meio inútil e transforme esse sentimento em autopreservação. A cautela exacerbada se revela envolta num escudo de defesa que só vem abaixo quando ele percebe a importância que a Claire tem para o Samaritano, o rumo que esse jogo perigoso tomaria e que o futuro dos dois era questão de escolha. Quando ele conversa com a menina no topo do prédio, nitidamente vemos que o discurso é dual, que seria seu próprio subconsciente dando o grito de – levante a cabeça, sacode a poeira e vamos trabalhar. Não é tão radical quanto o sacode que John levou depois da morte da Carter, mas funcionou.
É interessante ressaltar também que Person Of Interest se torna deliciosa nos pequenos detalhes como as aparições divertidas da Root, o Reese agora mostrando o distintivo pra todo mundo na cidade e prendendo o Finch para ‘manter o disfarce’, a Shaw se realizando em seu novo emprego de ladra como também se divertindo ao torturar o barista ao qual pede um café com leite depois de toda a conversa informativa e, o melhor de todos, o Fusco desvendado um dos enigmas como se fosse brincadeira de criança, solfejando New York, New York! Particularidades que dão aquele toque mágico e arrancam sorrisos satisfatórios dos fãs. Um humor sutil e eficaz.
A série está iniciando a temporada colocando ordem na trama, desenvolvendo seus plots com equilíbrio e abrindo novas portas para possibilidades diversas a serem exploradas. Apesar da mornidão e previsibilidade eu gostei do episódio, e você? Deixe seu comentário.
4 de outubro de 2014 em Manicômio Séries
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